A mudança comportamental após a pandemia é mais do que bem-vinda. Mas como ela pode se tornar permanente?
O mundo como o conhecemos pode nunca mais ser o mesmo. A economia global desacelerou, as pessoas estão vivendo isoladas e o número de mortos por um “assassino invisível” está aumentando exponencialmente. A pandemia de coronavírus impôs uma dura realidade de luto, doença e desemprego. Muitas pessoas já estão enfrentando dificuldades financeiras e incertezas sobre as perspectivas de emprego futuro.
Dados iniciais sugerem que o impacto psicológico imediato da pandemia é substancial. Existem também análises mais animadoras, no entanto, sugerindo que a experiência pode nos ajudar a mudar nosso estilo de vida para melhor.
Mas será que os seres humanos são capazes mesmo de mudar o comportamento de maneira sustentável? Será que haverá mesmo uma mudança comportamental após a pandemia?
É preciso cuidar da saúde mental!
Sabemos que as crises podem levar à raiva e ao medo, aumentar a estigmatização e a discriminação. Choques ambientais e epidemias também podem fazer com que as sociedades se tornem mais egoístas, elegendo líderes autoritários e mostrando preconceito em relação a pessoas de fora.
Também sabemos que a desigualdade social existente, que é uma ameaça à saúde mental, se aprofunda após eventos trágicos. Qualquer sofrimento psicológico tende a ser amplificado naqueles menos afortunados.
Para que haja mudança comportamental após a pandemia precisamos primeiro superar esses desafios e aumentar o bem-estar, cuidando da saúde mental.
De volta ao crescimento
Comportamentos positivos são importantes para alcançar o bem-estar individual, como comer de maneira saudável, dormir bem e se exercitar. Um forte senso de significado e propósito é especialmente crucial para superar os principais eventos da vida e realizar o crescimento pós-traumático.
Devemos nos comprometer com os 3Ps durante as crises pessoais: positividade, propósito e prática. Isso envolve ir além de nós mesmos e servir a algo maior.
Laços sociais positivos são, portanto, essenciais para a mudança comportamental após a pandemia. As relações sociais estabelecem as bases da identidade pessoal e do nosso senso de conexão com os outros. Isso gera emoções positivas em um relacionamento em espiral ascendente.
Conexão com a natureza
Pesquisas recentes e trabalhos acadêmicos demonstram que temos uma necessidade inata de estarmos conectados à natureza e a outras formas de vida para nos sentirmos bem.
Indivíduos que passam regularmente mais tempo na natureza tendem a ser mais felizes e a ter um maior senso de significado na vida. Mas, infelizmente, para discutir a ligação entre o meio ambiente e a felicidade é preciso considerar a principal ameaça: a degradação que o ser humano tem feito no meio ambiente, a manifestar-se, primeiramente, no clima. Isso traz, para muitos, estado de tristeza, desespero e melancolia.
Os pontos em comum entre a pandemia de coronavírus e as mudanças climáticas são fortes. Ambos os desafios representam problemas “ambientais” fortes. Uma grande diferença, no entanto, é a nossa capacidade de resposta global a um, mas não ao outro.
Talvez o lado positivo aqui seja o que o coronavírus pode e deve nos ensinar (e a real mudança comportamental após a pandemia) de que o compromisso com a ação leva à mudança. Que tal aplicarmos tal conceito aos cuidados com o meio ambiente?
A mudança comportamental após a pandemia é possível
A palavra chinesa para crise inclui dois caracteres, um para perigo e outro para oportunidade. Durante a pandemia, muitas pessoas foram forçadas a trabalhar em casa, reduzindo substancialmente o tempo gasto em viagens e a poluição do ar. Isso pode continuar após a pandemia, conforme as empresas percebam mudanças no bolso.
Os trabalho flexíveis, como a semana de trabalho de quatro dias e o home office, também demonstram uma série de benefícios para o bem-estar individual.
O coronavírus levanta a pergunta: por que gostaríamos de retornar completamente ao status quo do viciado em trabalho quando o objetivo final pode ser alcançado de uma maneira diferente, apoiando o bem-estar, a produtividade e a sustentabilidade ambiental? Qualquer pequena mudança positiva ajuda a nos sentirmos mais empoderados.
Afinal, a pandemia nos ensinou que podemos sobreviver sem fazer compras excessivamente e fazer voos de longo curso para as férias. As mudanças de higiene também serão bem-vindas se vierem para ficar!
Como manter as mudanças comportamentais e o aumentar o apreço pelo meio ambiente
Manter qualquer mudança de comportamento no começo é difícil e depende de muitos fatores, incluindo motivos, hábitos, recursos e influências sociais. Mas evidências sugerem que a educação ambiental e atividades baseadas na natureza podem facilitar a pró-socialidade e a conexão com a comunidade.
Sabe-se também que as intervenções simples, como caminhar e o “aprendizado consciente”, prestando atenção ao presente, promovem abertura a ideias relacionadas à sobreposição entre seres humanos e natureza. Essas coisas podem nos ajudar a manter as mudanças comportamentais conquistadas durante a pandemia.
O entendimento de que nossos mundos psicológico, social, econômico e natural fazem parte de um sistema interconectado também facilita uma ética ecológica para proteger e preservar o mundo natural.
Para conseguir isso, intervenções baseadas na promoção da positividade, bondade e gratidão podem ser eficazes. Sabemos que essas coisas levam a transições positivas sustentáveis. A meditação focada no amor e na bondade também permite emoções positivas e um senso pessoal de conexão com a comunidade.
Crédito: Singularity Hub